Aos 15 anos, recebi de presente meu primeiro oráculo: um belo livro com 22 arcanos, o Tarô do Amor. Desde então, ele tem me acompanhado e segue sendo parte essencial de minha prática até hoje. No início, eu o utilizava de forma despretensiosa, jogando para amigos, colegas e para mim mesma, sem dar muita importância.
Tudo mudou em uma leitura para um casal de amigos. Naquele dia, o tarô revelou algo profundo, um chamado que seria um divisor de águas. O resultado me assustou pela precisão e pela seriedade do que estava sendo mostrado. Confesso que senti medo de que aquilo realmente se concretizasse. Anos depois, quando os eventos preditos se realizaram, percebi que algo maior estava se revelando através de mim. Mesmo assim, admito que sempre tive receio de abraçar plenamente minha missão.
Eu costumava pensar que prever o futuro de alguém, apontar o que poderia acontecer e, talvez, influenciar suas escolhas de vida, fosse uma imensa responsabilidade. Em um momento de grande revelação, vivi uma experiência com uma médium que, ao me falar sobre minha jornada, trouxe à tona algo que eu só viria a entender anos mais tarde. Ela revelou que um desejo do meu EGO, algo que eu queria a todo custo, não fazia parte da minha vida. Mais tarde, manifestei exatamente o que desejava, simplesmente para contrariar suas previsões. Essa experiência, embora destruidora, me deixou ainda mais assustada com a profundidade das revelações que o universo pode trazer.
Vejo que tudo isso veio me mostrar que o futuro não está determinado. Foi então que decidi que minha leitura se faria no momento presente, convidando o consulente a compreender que o tarô, ou qualquer oráculo, só pode refletir as decisões que já tomamos. Não é possível compreender nada sem que já tenhamos escolhido agir, seja pelo EGO ou pela força do nosso SER, através do "EU SOU".
As lições de sentir o campo vibracional daqueles a quem aplico Reiki, ao longo dos anos, me fizeram perceber o sofrimento da natureza humana. Lembro de uma mulher, por volta dos 60 anos, que durante uma sessão me disse: "EU QUERO SER BOA." Naquele momento, pude ver em seus olhos a vontade do SER de se libertar do EGO que desejava ser boa. Era claro o quanto ela tentava se tornar aquilo que já era, mas, através do EGO, só conseguia imitar a si mesma.
Aquele abismo me impressionou profundamente e, por dias, me fez buscar dentro de mim mesma maneiras de ajudar alguém em uma situação tão grave.
Atendi muitas pessoas com doenças graves, e vários casos de câncer surgiram em minha jornada. Doar a energia do Reiki para pessoas com tamanha enfermidade me fez questionar: por que atraía tantas pessoas tão doentes? Logo após as sessões, eu me via cheia de energia amorosa, mas fisicamente esgotada. Cheguei a passar dias para me recuperar completamente após essas experiências.
A caminhada de um sensitivo não é feita apenas de glórias; é também sobre sentir o que o outro não quer sentir. Durante muito tempo, neguei a minha sensibilidade e sofri intensamente ao sentir o sofrimento alheio, pois acreditava que era eu quem estava vivenciando toda aquela dor. Ao me aproximar de cada ser em sofrimento, acabava absorvendo suas dores, e devo confessar: isso muitas vezes me desmotivava a continuar.
O despertar da consciência tem dessas coisas: sentir é o que nos torna humanos. Perceber o que o outro sente, sofre, irradia e até imagina, nos torna um só. Existe magia na conexão. Eu e você não estamos separados, somos um só, e nos enganamos quando nos vemos apenas como corpo físico e mental.
Hoje, como uma consciência desperta e em constante evolução, assumo minha missão de ajudar aqueles que desejam viver no presente e transformar suas vidas, assim como venho transformando a minha. Não prometo realizar seus desejos, trazer o namorado em sete dias, arrumar-lhe um emprego ou qualquer coisa do tipo. O que posso oferecer é aquilo que tenho: a sensibilidade de conduzi-lo ao momento presente, de lhe mostrar um caminho para que você possa sentir o que sente, sem precisar constantemente de mim.
Vamos falar sobre as verdades que afligem sua alma, sobre as ilusões que entorpecem sua consciência e o impedem de trilhar sua jornada como SER. Quero ajudá-la(o) a alcançar a bem-aventurança, que é a ausência dos desejos da mente.
Em minhas práticas de yoga e meditação, alcancei aprendizados profundos sobre o corpo e como essa máquina extraordinária funciona, e como a mente condicionada o escraviza e aprisiona, obscurecendo sua verdadeira natureza. O yoga realizou um verdadeiro milagre em minha existência. A meditação, aliada ao yoga, abriu as portas do SER para mim. Krishna me recebeu com tanto amor e me apresentou a Shiva, a quem acolhi com devoção. Shiva tem sido para mim um pai, um protetor que me guia em uma jornada de destruição de minhas formas mentais, condicionamentos e paradigmas profundamente enraizados. Só com o poder e o apoio de forças maiores tenho conseguido superar tais obstáculos.
Shiva me apresentou aos guias de Aruanda, e com eles, tenho navegado pelas águas de minha mãe Iemanjá, minha luz, meu amor maternal pela humanidade. Nos braços dela, me entrego totalmente e, em sua guiança, me dou a todos vocês.
Todas as crenças que nos conduzem para dentro de nós mesmos, que nos conectam com a magia do SER, são bem-vindas aqui neste coração. Sejam bem-vindos.
Namastê.
HISTÓRIAS QUE NOS UNEM